Amiamspe 50 anos: segundo turno

Carta da Dra. Helenita Sipahi, onde comenta um pouco da sua vivência.

AMIAMSPE 50 ANOS – segundo turno

O título pode parecer brincadeira, mas não é; eu realmente preciso de um segundo turno para dizer tudo o que não disse no dia da festa de comemoração dos 50 anos da nossa Associação.

Naquele dia eu fui escolhida para falar em nome de todos os ex-presidentes, desde a sua fundação; fiquei feliz e emocionada com a deferência, me senti, eu, a própria homenageada e esqueci metade do que gostaria de ter dito. Deu o “branco” simplesmente! Quero, portanto uma segunda oportunidade para registrar muito mais daquilo que significa a AMIAMSPE para mim e para todos nós.

Dos presidentes e suas diretorias: ali estavam presentes, além do colega Otelo que presidiu as últimas gestões, os colegas Antonio Carlos, Makaron, Zacarias, Guido, Regina, Scandar e Bráulio; não puderam comparecer o Aiex e Mattosinho, o Britto por estar adoentado, o Florisval, em viagem, e o Sady que mora nos Estados Unidos mas foi representado por sua filha Natália. Os demais não estão mais conosco e hoje são representados pela saudade e pela importância que tiveram para todos nós, cada um a seu modo: desde o Dr. Mozart, o primeiro, seguido pelo Salomão, até o Emanuel, o último que nos deixou. Com todos esses nomes e o que representam e representaram, além dos demais membros de cada diretoria, os quais não tenho condições de citar mas que são igualmente importantes, a AMIAMSPE não poderia ser diferente – a associação representativa mais combativa e mais comprometida com os interesses da categoria médica em toda a sua existência. Irmã dileta do Sindicato dos Médicos, do CRM e da APM, nossos representantes maiores, representados na nossa festa pelos presidentes Cid Carvalhaes, Eurípedes e Florisval (ausente), respectivamente. Para dar uma ideia do compromisso da Associação com seus associados, registro um episódio que me envolveu quando eu ainda não completara nem um ano de HSPE e era quase desconhecida do corpo médico, e que guardo na memória com muito orgulho e gratidão: no início de 1970 fui presa pela ditadura militar e fiquei incomunicável em um dos centros de repressão daquela época. O Zacarias era presidente da AMIAMSPE e, ao ser informado, nem hesitou e, apesar do perigo que isto significava, foi pessoalmente a todos os órgãos de repressão tentar minha libertação. É claro que não conseguiu, mas seu gesto certamente contribuiu para me proteger de coisas piores naquele momento difícil. Esta é a AMIAMSPE!

Dos associados: nem só de dirigentes vive uma associação – seu sucesso e sobrevivência dependem diretamente do apoio e confiança dos seus representados. Vi ali na festa de comemoração um grande número de colegas que nunca faltaram com o seu apoio, sua coragem, com suas opiniões (às vezes críticas) e com discussões construtivas; lembrei-me de tantos outros que lá não estavam ou porque deixaram o hospital, porque não puderam ir ou porque já se foram. Nem sempre havia concordância ou unanimidade, mas eles sempre estiveram lá. E foi nesse caldo de ideias que nos formamos e nos fortalecemos. Cito alguns presentes, sem prejuízo de outros tão importantes quanto, só para não me alongar: Joaquim, Reginaldo, Cruz, Godoi, Ibrahim, Mildred, Gazal, Ana Fujie, Yamashita, Macilea, Lister, Lúcia Mara, Tosta, Gilvan, Lilia, Renato, Odilon; entre os ausentes, por qualquer razão, Brenda, Ernandi, Maria Alice, Francesco, Maria do Carmo, Chapô, Gilka, Jacyr, Lúcia Bortoletto, Takaoka, Vera Maravilha, Fausto, Andréia, Claudio Panutti, Júlia, Jamil e tantos outros. Olho para trás e vejo a Dirce e Haydée nos ajudando a redigir os textos dos boletins durante a greve contra o Coronel. Mais atrás ainda lembro o dia em que a polícia tentou ocupar a sede da AMIAMSPE no 16º andar e nós fizemos uma vigília na qual os colegas de todo o hospital ocuparam maciçamente as escadas, do térreo ao 16º, e não deixamos a polícia entrar.  – Qual associação tem uma história dessas para contar?

 

Das nossas secretárias: aqui o termo é no feminino mesmo, foram sempre elas, e sem elas certamente não seriamos o que somos. No início foi a Marília que no dia da invasão da polícia me ligou às 7 da manhã avisando da confusão; eu lhe disse para deitar no chão e só sair dali se fosse arrastada. Foi o que ela fez até a chegada do Jacyr Pasternak, do Takaoka e muitos outros colegas a quem avisei por telefone e que impediram a invasão e começaram a resistência. Depois foi a Carmo, a bela portuguesinha que chamava fichário de “ficheiro” e que, além de super competente, fez aumentar o número de visitas masculinas à sede da associação, só para vê-la. Era muito divertido. Por último essas duas maravilhas, Zélia e Rose, cada uma melhor que a outra; começaram quase meninas, assim como hoje a Paloma e Carol, e, pela competência, compromisso e dedicação, já fazem parte da nossa história. Hoje são mães de família e seus filhos são “meus netos”, com muito orgulho.

Enfim, é um enorme privilégio fazermos parte também dessa história e termos presidido a Associação dos Médicos do IAMSPE, a nossa AMIAMSPE, em algum momento dos seus 50 anos.

Helenita M. Sipahi

(novembro 2012)

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.

Para o topo




    Autorizo o contato por WhatsApp


    Estou de acordo com as Políticas de Privacidade do site (link abaixo do formulário)

    Ao enviar este formulário você concorda com a Política de Privacidade do site, onde descrevemos como são tratados os dados enviados.